Irmãos Cavalera lançam segundo álbum juntos desde 1996

Desde a saída dos irmãos Max e Iggor Cavalera do Sepultura, em 1996 e 2006, respectivamente, que a hipótese de uma reunião empolga fãs e atormenta os remanescentes do grupo mineiro de heavy metal. Mas se a volta da formação clássica já parecia uma possibilidade remota quando a dupla criou o Cavalera Conspiracy, em 2007, o lançamento do segundo disco do grupo, Blunt force trauma, chega para jogar uma pá de cal no assunto.

Os saudosistas do thrash metal intricado que os irmãos faziam no Sepultura, e que teve seu auge no disco Arise, de 1991, vão se decepcionar. O trabalho segue a mesma sonoridade do primeiro disco do Cavalera Conspiracy, Inflikted, lançado em 2008. O som é moderno e mistura nítidas influências de bandas atuais de metal, como Machine Head e Trivium, com o hardcore clássico e sem frescuras de nomes como Black Flag e Agnostic Front, sempre prezando pela simplicidade.


Simplicidade
Para este trabalho, o baixista original Joe Duplantier deu lugar a Johny Chow, enquanto o guitarrista Mark Rizzo, que também toca no Soulfly, a banda que Max montou quando deixou o Sepultura, foi mantido. Mas os dois são meros coadjuvantes na reunião dos irmãos. E nem poderia ser diferente, já que o destaque do álbum é mesmo a união entre o vocal gutural e os riffs matadores de Max e a bateria marcial e precisa de Iggor.

E em Blunt force trauma, minimalismo parece ser o segundo nome de Max Cavalera. As partes de guitarra são pesadas, mas contam com poucas variações, exceto quando o excelente Mark Rizzo resolve inventar algum solo. As letras, apesar de sugerirem um mundo violento e cheio de ódio, seguem cada vez mais simples e curtas. Killing inside e Thrasher surpreendem de tão sintéticas. Infelizmente, isso acaba deixando o som um pouco repetitivo e pobre. Nada que um fã do Soulfly já não tenha se acostumado, mas ainda é pouco para quem compôs pérolas do metal mundial como Roots bloody roots e Refuse/resist.

Já Iggor mostra que, mesmo tocando bateria esporadicamente desde a saída do Sepultura, ainda é um monstro nas baquetas e um grande criador de introduções, como fica claro na música Burn Waco. Curiosamente, Blunt force trauma não traz nenhum tipo de influência de música eletrônica, apesar de Iggor se dedicar como DJ no projeto Mixhell desde antes da sua saída do grupo mineiro. A consequência óbvia de o grupo ir direto ao ponto é a curta duração do trabalho. O tempo médio das faixas é de três minutos e só uma passa os quatro minutos. E mesmo tendo 11 músicas, o disco inteiro soma apenas 34 minutos.

Blunt force trauma ainda conseguiu a proeza de trazer Max Cavalera para o Brasil, mais de 10 anos depois do último show no país. A banda se apresentou primeiro no festival SWU, em outubro, quando antecipou Warlord, faixa que abre o disco, e depois, abrindo o show do Iron Maiden em São Paulo, em março. Fica agora a expectativa de uma turnê completa do álbum pelo país e, claro, uma passagem por Belo Horizonte, cidade que impulsionou a carreira dos irmãos e desde 1994 não vê os dois juntos em um palco.