Show de Paul McCartney leva 45 mil ao Engenhão

Das cerca de 45 mil pessoas que compareceram ao show de Paul McCartney neste domingo no estádio Engenhão, no Rio de Janeiro, Andréa de Jesus Santana, 30 anos, era uma das poucas que não estava procurando diversão. Moradora de Duque de Caxias, na região metropolitana da capital fluminense, ela estava na apresentação para vender bebidas e garantir o sustento. Entretanto, empolgou-se tanto quanto os fãs do ex-Beatle. Do alto da arquibancada onde estava, filmou e tirou fotos com o celular, cantou junto com o músico, aplaudiu e acompanhou com os braços as coreografias do público.

Ao fim do show, Andréa disse que não é fã, mas que ficou contagiada pela performance do artista. “É maravilhoso, muito emocionante. Como eu não estava vendendo bem, acabei aproveitando para curtir”, brinca. É, McCartney realmente parece ter o dom de causar empolgação em pessoas que mal conhecem os sucessos dos Beatles e de sua fase solo, mesmo após quase 50 anos desde o início da carreira.



NO PALCO Paul McCartney entrou no palco quase às 21h50, aproximadamente 20 depois do horário previsto e abriu a apresentação com a sugestiva canção Hello, Goodbye, que não fez parte do repertório dos shows realizados em São Paulo, em novembro último. Nesse momento, parecia que os presentes, em delírio, mal acreditavam estar de frente com o ídolo. O artista prosseguiu tocando e cantando várias canções da carreira solo, como Jet e Letting go. Não faltaram também alguns sucessos dos Beatles, como All my loving e Drive my car.

Quando a primeira hora de show se aproximava, o cantor fez uma breve pausa para explicar a origem de Blackbird, composta na década de 1960. Segundo ele, os versos são uma referência à população negra norte-americana, que vivenciava um período conturbado, marcado pela luta por direitos iguais e por reações violentas dos conservadores. Mesmo alguns dos fãs mais ferrenhos ficaram surpresos com a revelação. Logo em seguida, McCartney fez uma homenagem a John Lennon, cantando Here today.

ÁPICE A segunda metade da apresentação foi marcada por hits mais dançantes, com predominância de composições feitas quando o artista ainda fazia parte dos Beatles. Eleanor Rigby, Ob-la-di, ob-la-da, Let it be e Day tripper foram alguns dos sucessos que mais mexeram com o público. Entretanto, as músicas que levaram os fãs ao delírio foram Something, dedicada a George Harrison, e Hey Jude, que fez com que a multidão permanecesse cantando a plenos pulmões, com direito a repetir todos os versos finais (na-na-na-na-na-na-na) com o ídolo.

Depois de dois retornos ao palco, McCartney encerrou o show com a tradicional Sgt. Peppers Lonely Hearts Club Band, quando eram decorridos aproximadamente 2h30 de performance. Já fora do Engenhão, aconteceu outro momento digno de destaque. Na passarela de acesso à estação de metrô, tumultuada e quase intransitável devido à enorme massa humana que tentava voltar para casa, um grupo começou a cantar novamente Hey Jude, ato que rapidamente foi repetido pelas pessoas próximas. O resultado foi um coro considerável de vozes, que lembrava, em dimensões bem mais modestas, aquele que acompanhou a músico durante o show. O poder da música do ex-Beatle parece mesmo resistir ao tempo.

LINDA Ao contrário do que ocorreu nas apresentações em São Paulo, Paul McCartney não cantou My love, que sempre era dedicada à falecida mulher Linda. A provável explicação está no noivado do cantor com a empresária Nancy Shevell, confirmado recentemente.

[FONTE: Divirta-se do Jornal Estado de Minas]