Documentário sobre os Mamonas Assassinas entra em cartaz dia 27 de maio

Há 15 anos, a banda Mamonas Assassinas encerrou a sua trajetória quando o avião em que viajavam se chocou contra uma montanha, ao se extraviar da rota em razão do mau tempo, provocando a morte de todos os integrantes do grupo. Mas, os fãs poderão relembrar um pouco da alegria dos cinco meninos paulistas em 27 de maio no documentário Mamonas pra sempre, dirigido por Cláudio Kahns (O sonho não acabou e Santo e Jesus, metalúrgicos). Para os mais novos, que não tiveram chance de conhecê-los à época, é a chance de saber um pouco mais do sarcasmo e crítica social embutidos nas letras da banda.

Alguns anos se passaram até que o diretor conseguisse concretizar o projeto. Inicialmente, ele idealizou um longa-metragem de ficção. Mas, com o desenvolvimento, Kahns optou por um documentário, em razão de ter reunido um rico material em vídeo produzido pelo próprio grupo. Mesmo assim, ele não esconde a pretensão de rodar uma ficção baseada na vida artística dos integrantes.

“Acho que a trajetória dos Mamonas foi bem interessante. Procurei contar essa história da melhor forma, com uma certa dinâmica”, comenta o diretor, que faz uma passagem pela ascensão na carreira, com a banda Utopia, e se estende até o dia da morte, com a queda do avião na Serra da Cantareira, em 2 de março de 1996.



Apesar de na época ele não ter contato pessoal com a banda, o diretor comoveu-se com a história. Cinco meninos de classe média baixa conseguiram conquistar, em poucos meses, um lugar de destaque que diversas bandas batalham muitos anos para conseguir. A alegria, a força de vontade e a energia contagiante deles fizeram Cláudio se render àquela ironia infantil nas músicas. “Acho que o momento mais emocionante do filme, e talvez da vida dos Mamonas, foi o desabafo de Dinho no Ginásio de Guarulhos. Dois meses antes do acidente que os vitimou, ele fez um discurso raivoso. Eles queriam ter tocado lá uns anos antes, quando ainda eram Utopia, mas, na época, o prefeito não autorizou”, destaca. Em 6 de janeiro do fatídico ano, Dinho deixou uma mensagem de motivação aos fãs. “É possível realizar os sonhos de vocês, sim. Vocês são capazes. Acreditem em vocês”, gritou ao público.

Todo o financiamento do filme foi realizado com recursos pessoais de Kahns, somente depois de pronto algumas empresas “adotaram” a ideia, o que possibilitou o transfer do vídeo digital para 35 mm e a distribuição nas salas de cinema de vários pontos do país.

O início

Alecsander Alves, o Dinho, foi o divisor de águas na carreira artística da Utopia. O grupo era formado inicialmente apenas por Júlio Rasec, Bento Hinoto, Samuel e Sérgio Reoli. Em um show no ginásio do Cecap (conjunto habitacional de Guarulhos) o público pediu para que tocassem uma música do Legião Urbana. Como a banda não conhecia a música, Dinho, que estava na plateia, subiu ao palco e cantou com eles. Foi o início de uma parceria de sucesso.

Sempre brincalhão, o vocalista conseguiu convencer os outros integrantes a tocar um rock diferente.

Com músicas compostas principalmente por Dinho, o rock cômico, gênero pouco explorado pelas bandas brasileiras, se tornou sucesso com os Mamonas. Foi apenas, em 1994, quando o filho de João Augusto, diretor-artístico da gravadora EMI, insistiu para que ele ouvisse a fita cassete experimental. João passou a bola a Arnaldo Saccomani (mais conhecido por suas participações como jurado e pelas críticas ácidas em programas como Ídolos e Qual é o seu talento?), que quase foi vaiado pelo próprio filho e funcionários da gravadora por não querer investir naqueles meninos sem futuro.

Após se render aos apelos, ele viu que foi uma boa jogada. À época do acidente, Saccomani disse ao jornal Correio Braziliense que o motivo para tanto sucesso se devia ao bom aproveitamento da “diferença entre piada e sátira; a piada logo cansa, mas a sátira fica”.

Aprovados pela gravadora, eles foram entregues às mãos do produtor musical Rick Bonadio, que os levou a Los Angeles, nos Estados Unidos, para gravar o primeiro CD, o Mamonas Assassinas. De lá, até programas de TV foi um pulo, com direito a jatinhos particulares e muita mordomia. Foram vários sucessos da banda de um único disco, porém, suficiente para vender a espantosa marca de 2,5 milhões de cópias (durante oito meses) até a morte dos integrantes, e esse número se estendeu durante os anos que se seguiram.