Arnaldo Antunes lança o superoriginal Lá em casa ao vivo


Ao fugir do formato convencional dos DVDs musicais, Arnaldo Antunes acabou brindando o público com lançamentos superoriginais. O primeiro foi Ao vivo no estúdio, de 2007, em que ele dividia a intimidade com privilegiados fãs, especialmente convidados. Agora, o cantor, compositor e instrumentista paulistano radicaliza um pouco mais: levou amigos, familiares e convidados para o interior de seu lar em Lá em casa ao vivo, dirigido pelo cineasta Andrucha Waddington.

“A gente mistura o show com situações de mostrar a casa, de mostrar os convidados”, diz Arnaldo. Wanderléa, Marina Lima, BNegão, Arto Lindsay e Marcelo Sommer, estilista responsável pelo belo cenário feito de camisetas penduradas no varal, são alguns deles. “Mostramos situações muito íntimas, a informalidade, pois era uma plateia formada só de amigos, familiares, meus filhos etc.”, conta ele.

Mesmo trabalhando o repertório autoral, ao promover o registro ao vivo do CD Iê iê iê, de 2009, o cantor, compositor e poeta acabou realizando o seu primeiro projeto conceitualmente temático. A laje da casa de Arnaldo virou palco.

JOVEM GUARDA
Apesar de o iê iê iê brasileiro ter se limitado praticamente à turma da Jovem Guarda, liderada por Roberto Carlos, Arnaldo Antunes tomou o tema apenas como fonte de inspiração para fazer algo autoral, como é de praxe em seu elogiado trabalho. Seu produto não guarda qualquer sonoridade sessentista, mesmo que ele tenha optado por associar o gênero ao começo do rock’n’roll.

O trabalho, explica ele, remete “ao começo dos Beatles, de Rita Pavone e, claro, da Jovem Guarda como representante disso no Brasil”. Arnaldo cresceu ouvindo e vendo os programas de TV de Roberto e sua turma.

Não há ranço saudosista em Lá em casa ao vivo. “Quis que aquilo fosse uma inspiração para, de certa forma, fazer algo mais melódico, que, na minha opinião, marca esse início do rock’n’roll”, justifica ele, lembrando as melodias de apelo imediato, além de sedutoras, da Jovem Guarda.

“Havia a coisa do ritmo e a coisa timbrística, que era um pouco característica. A gente também conseguiu trazer um pouco desse aroma para o trabalho. Agora, claro que com a marca de composição, dos arranjos e da sonoridade minha e da banda que me acompanha”, destaca Arnaldo.

MINAS
“Tem um pouco também da diversidade desses artistas da Jovem Guarda, que eram do Rio, de São Paulo, de Minas Gerais e de outros estados. No repertório está Americana (de Frank Carlos, originalmente um forró), música que fez muito sucesso no Nordeste, mas ninguém conhecia por aqui. Temos também Vou festejar (Jorge Aragão), samba carioca que fizemos em rock à la iê iê iê”, conta Arnaldo.

O trabalho, como não poderia deixar de ser, ganhou um quê de rock’n’roll paulista. “Mas também tem o Odair José (Quando você decidir), o Luiz Melodia (Pra aquietar), um carioca. Enfim, há uma diversidade que continuo achando interessante, apesar de querer amarrar um pouco mais o conceito”, resume.

Tremendão na área
Erasmo Carlos, que acabou se tornando parceiro de Arnaldo Antunes no novo projeto, representa uma espécie de rei do iê iê iê para o compositor e cantor paulistano. “Roberto Carlos também, mas Erasmo tinha pegada mais roqueira, enquanto o Roberto enveredou para a canção romântica desde aquela época. O Erasmo tem o lado romântico, mas experimentou um pouco de samba-rock. Acho que sempre teve um jeito mais roqueiro”, diz Arnaldo.

O ex-titã afirma que a dupla deu canções lindas ao Brasil. “Não dá nem para a gente dizer que elas são do Roberto ou do Erasmo, mas parcerias dos dois, antológicas”, lembra ele. Esse cancioneiro pontuou vários momentos de sua vida, confessa.

Em janeiro, Arnaldo Antunes vai tirar férias da turnê de lançamento do DVD, mas em fevereiro estará de volta à estrada. Além do Tremendão, ele recebe como convidados os Demônios da Garoa, que abrem o show, além de Fernando Catatau e Jorge Benjor. Foi uma verdadeira festa de arromba no quintal.