
Antes de abrir aquela carta eu sabia o que ela dizia
Antes de ouvir a sua voz, eu lia os seus pensamentos
E não há tempo a dar para o tempo
Entre todas as desculpas que eu não quis acreditar
Ouço passos na escada
E na solidão que em mim habita
Um eco que se propaga
Em meio a tantas incertezas
Eu num disco voador
Em uma órbita interplanetária
Num rabisco de giz em um quadro negro
Num vestígio de uma pegada
Então pensarei em nós
E no que conseguimos não ter
No que desistimos de sonhar
E naquilo que o coração não quis compartilhar.
Sou eu no meio de um furacão
Explodindo em um vulcão
Dizendo que nem sempre temos o que queremos
Mas que ainda é preciso sonhar
Tintas rabiscadas em pinturas abstratas
Entendemos apenas o que está ao nosso alcance.
E o sorriso que um dia encantou
Em algum momento enfeitiçou.
Riva Moutinho 09/12/2009