MURALHA


Veja só o que é a vida, apenas veja...
Veja só o que são sonhos, apenas veja...
Veja apenas, e tão somente, o mundo a sua volta
Veja e reveja o seu mundo interior.

Palavras incompletas em momentos abstratos
Sonhos volúveis em concretos secos, isolados
Olhando de fora parece pequena e frágil
Daqui de dentro a idéia é outra

E o sol vai brilhar... Mais uma vez
Como sempre. Ainda bem!
Mas não sei se ainda aprendi a viver aqui
Não sei se entendi como sobreviver

Parecem tijolos, mas são marcas... amontoadas
Prensadas em blocos multiformes
Galeria tosca. Fazer o quê?
Nem sempre caminhamos pelos caminhos que desejamos
E nem sempre acertamos o caminho que escolhemos.

E vivemos o que não cultivamos,
Escolhendo sempre o que não plantamos
Colhendo, por vezes, tristezas... desilusões
Lágrimas que não rolam, sorrisos que congelaram na face.

Mas amanhã o céu estará azul. Vale a pena acreditar
Em algo que se crê ou em que se espera
É a vida. São momentos. São os sonhos
E se as pontas desta muralha se encontrarem?

Algum dia a gente sempre aprende...
Quem sabe, ao menos, a gente entende...
O que todas essas marcas deixaram...
Pra que todas essas lições serviram.

Riva Moutinho 18/07/2003