O novo lar da Antiguidade (trecho)


[FONTE: Revista Época]

A concepção é simples: um edifício de três andares, com forma de trapézio. Embaixo, ele é sustentado por 43 pilares de concreto e dá vista, através de um piso de vidro, para ruínas atenienses do período romano e cristão, ainda sendo escavadas. No topo, há um quarto andar, retangular, torcido 30 graus em relação ao eixo do edifício, com as mesmas dimensões e o mesmo alinhamento do Parthenon, o grandioso templo de colunas que pode ser visto a 267 metros de distância do museu, no alto da Acrópole. Entre o topo e o piso, os andares são interligados por rampas de vidros que giram ao redor de um átrio onde se abrigam 4 mil peças de arte dispostas em ordem cronológica.

Assim é Novo Museu da Acrópole, que abre em Atenas no sábado 20 de junho. Ele tem 25.000 metros quadrados, custou US$ 175 milhões, levou sete anos para ser construído e carrega, no interior de suas paredes de vidro (que asseguram iluminação natural o ano todo), um manifesto político em dois tempos.

O primeiro tempo é agora: o museu serve para que o governo grego exija, pela enésima vez, a devolução de parte dos frisos do Parthenon (conhecidos como Mármores de Elgin) que foram saqueados pelos britânicos e estão expostos no Museu Britânico desde 1816. Eles foram levados por Lord Elgin, então embaixador do Reino Unido junto ao império otomano. Os frisos contêm baixos-relevos com 192 cenas da vida ateniense, número equivalente aos heróis da famosa Batalha de Maratona, na qual os gregos bateram os persas em 490 a.C. Vários países já devolveram aos gregos suas relíquias do Parthenon. A Grã-Bretanha resiste.

O segundo tempo a que o museu alude é histórico: remete ao apogeu da civilização grega, matriz do que chamamos de civilização ocidental, que ocorreu por volta do século V antes de Cristo. O projeto do arquiteto suíço Bernard Tschumi é uma homenagem aos construtores do Parthenon, que começou a ser erguido depois da expulsão dos persas, em 480 a.C.