Documentário mostra o fracasso do combate às drogas e ao crime organizado





O momento para a estreia de Quebrando o Tabu não poderia ser mais oportuno. O documentário, que pretende relatar o fracasso, em escala global, das estratégias convencionais de combate às drogas e ao crime organizado construído em torno de sua comercialização, chega às telas logo depois de episódios que ganharam destaque na mídia.

A proibição judicial da “marcha da maconha”, que pretendia lutar pela descriminalização da mais popular das drogas proibidas, o confronto com a polícia na “marcha pela liberdade de expressão”, que buscava protestar contra a tal decisão judicial, e a segunda tentativa de realização do último evento foram o ambiente perfeito para que a mesma mídia anunciasse a presença do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso nas imagens do filme – e que ele teria finalmente, mais de oito anos depois do fim de seu mandato, dado seu apoio explícito à descriminalização (assunto do qual fugiu durante seu governo).

Quebrando o Tabu tem direção de Fernando Grostein Andrade. Propõe uma abordagem histórica do problema da guerra às drogas – fato relevante, já que as posturas dogmáticas em torno da questão costumam produzir a impressão de que é não história, de que existiu desde sempre e sempre da maneira atual.

Outra singularidade que a produção promete é dar voz tanto a figuras proeminentes (além de Fernando Henrique, Quebrando o Tabu foi atrás de personalidades como Bill Clinton e Jimmy Carter, ex-presidentes americanos, e chefes de estado de países como México e Colômbia, na linha de frente da repressão à produção e distribuição das drogas) quanto a pessoas comuns. Aborda a transformação na vida destes anônimos da mesma maneira com que lida com as experiências de pessoas célebres como o médico Dráuzio Varella, o escritor Paulo Coelho e o ator Gael Garcia Bernal.