Teste aponta superioridade do vinil


[FONTE: Folha online]

De olho nos fãs de vinil, que mantêm suas vitrolas ativas e reviram sebos empoeirados atrás de bolachas, a Sony voltou a apostar no antigo formato.

A gravadora relançou em vinil o primeiro álbum de nomes como João Bosco e Chico Science & Nação Zumbi e prevê um total de 30 títulos, no mesmo modelo. Fabricados nos EUA, chegam às prateleiras brasileiras por R$ 90, ao lado de um CD com o mesmo produto.

Aproveitando os relançamentos, a Ilustrada propôs a três experts no assunto um desafio: decifrar, às escuras, o som do vinil e do CD, para desmistificar (ou não) a suposta superioridade da bolacha em relação ao disco metálico.

Para a tarefa, convidamos o guitarrista Edgard Scandurra, o colaborador Marcus Preto e o produtor e engenheiro de som Tejo Damasceno.

Reunidos em um estúdio, os três ouviram os mesmos trechos de três álbuns, cada um deles em vinil e em CD, e, sucessivamente, fizeram suas apostas. A primeira prova foi com a reedição de "Da Lama ao Caos" (Chico Science & Nação, 1994). Tejo e Preto distinguiram as duas mídias.

Além dos estalos que acabaram por denunciar o vinil, Preto argumentou que o som do CD era abafado e distorcido.

Já Scandurra se enganou quanto ao CD: achou que se tratava de um arquivo de MP3, para ele "uma amostra de música", por sua pouca qualidade.


Caixa de papelão

O álbum de João Bosco, de 1973, foi o segundo teste --desta vez, decifrado por todos.

Scandurra identificou o vinil pela riqueza de detalhes dos instrumentos, que, para ele, ficaram opacos no CD, argumento também sustentado por Preto. "Parece que eu estava ouvindo a música e colocaram uma caixa de papelão na minha cabeça", disse, sobre a superioridade do som do vinil em relação ao do CD.

Por fim, "Let There Be Rock", disco de 1977 do AC/ DC, em edição nacional.

Mais uma vez, a distinção ficou clara para o trio. Mas o disco em questão acabou por mostrar ainda a diferença de qualidade que se pode ter mesmo entre álbuns de vinil.

"Não é só a diferença entre vinil e CD", disse Preto, que, assim como Tejo e Scandurra, achou o vinil do AC/DC inferior aos dois primeiros, "ótimos", na opinião do guitarrista.

"Dá para perceber que esse vinil foi comprado nos anos 80. É daqueles fininhos, em que se economizava no material", afirma Preto. A gramatura, explica ele, influencia na qualidade do vinil _mais pesados, os vinis lançados pela Sony possuem 180 gramas.
O número de faixas, diz, é outra variável: quanto menos faixas, melhor a qualidade.

"É a mesma coisa que comprar um vinho caro e um barato", conclui Tejo, sobre a diferenças entre vinis, além da superioridade apontada na cabra-cega em relação ao CD.
Resta saber se o público está disposto a pagar os R$ 90 cobrados pela gravadora, enquanto a música se espalha de graça pela internet. "Essa é a grande luta da indústria", diz Scandurra.